Quem me conhece sabe que eu não gosto de praia. Na verdade, não é bem uma questão de não gostar da praia, eu até que gosto; o problema é não gostar da praia da mesma maneira que as outras pessoas.
Praia pra mim é chegar de vestidinho e chinelo, bem cedinho de manhã, sentar numa mesa com um guarda-sol enorme e ficar olhando o mar e sentindo a maresia na cara, enquanto eu espero um caranguejo ou uma água de coco chegar. Ou então umas caminhadas enormes de fim de tarde ou à noite, dessas que sempre duram o tempo de criar uma vontade gigantesca de sentar pra comer açaí falando da vida própria e alheia.
Porque, assim: eu até gosto de banho de mar, mas veja bem, eu sou uma pessoa muito cheia de frescuras e complexos acumulados. Não gosto muito de tomar sol, porque me dá aquela moleza gigante; não gosto da água fria e do frio ainda maior quando se sai do mar e bate aquele vento no corpo molhado, odeio ficar com o cabelo grudento de sal, molhado molengo pingando nas costas; odeio aquela água salgada destruindo seus olhos e encriquilhando a pele, sobretudo se eu não puder, expresso!, correr pra uma ducha de água doce salvadora - a qual, no entanto, não me livra da sensação incômoda de estar com a bunda molhada por mais que você se se seque. (Sinta o drama da pessoa.)
Mas quando a romena tava aqui, louca pra conhecer o oceano Atlântico e cheia de planos frustrados de idas à praia com o pessoal do laboratório, me rendi, disse que faria companhia e fui à praia.
Devo mencionar que estou em Curitiba, estávamos no meio de uma semana fria e nublada de setembro (alguém avisa que já é primavera?) e todas as pessoas sempre me diziam que as praias do PR são extremamente brochantes: nunca tinha tido a curiosidade nem a disposição de ir. O que é muito natural de mim, considerando que eu passo as férias em Natal e mal vou pra praia e a última vez que eu tinha entrado no mar - e por uns poucos minutos - datava de janeiro2009. E nem é que seja assim tão longe, mas foi toda uma jornada rumo ao oceano.
Acordar cedo num domingo, após ter ido dormir tarde no sábado, já é por si só um esforço considerável. Vesti biquíni, coloquei protetor solar na bolsa e rumei pra rodoviária, torcendo pra que o sol fosse gentil e não sumisse. Mais de 2h num ônibus, pra chegar num lugar semi esquisito e ainda pegar um barco e assim poder chegar na única praia recomendada como decente nesse vasto litoral paranaense: Ilha do Mel. Promessas de trilhas e forte e faróis e reserva ecológica, coisas que eu passaria o dia fazendo de boa, mas a romena só queria saber de fotos e de se jogar na água da primeira praia com ondas que a gente viu.
Então tá, né. Já tou aqui mesmo e esse vai ser meu domingo inteiro, para o bem ou para o mal. Entrei na onda e pronto: fiquei durante horas e horas no mar, mergulhando, levando caldo, me enchendo de areia, sendo arrastado pra longe das bolsas, correndo de volta, sendo açoitada pelas ondas que vinham fortes de todas as direções, até que de repente o sol resolveu lembrar que isso aqui não é Nordeste, fechou o tempo e nos presenteou com chuva no fim do dia (ainda bem que a essa hora a gente já tava sã, salva e dormindo dentro do ônibus, depois de o perder na rodoviária e ter que tomar um táxi pra alcançá-lo no próximo ponto).
Até que foi bom, no fim das contas. Me esforcei herculeamente para não reclamar o tempo todo de tudo o que me incomodava, e surtiu efeito. Exceto pela parte das queimaduras no ombro, que vieram fortes apesar do protetor solar e devidas reaplicações e que tornaram minhas noites muito menos agradáveis do que costumam ser. Mas fique registrado que tive minha cota de mar por um boooom tempo.
(Mostro fotos depois; estou usando computador alheio porque o meu resolveu morrer de leve.)
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
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Já eu fui a praia nesse feriado pra concluir que moro num estado com praias demais bonitas demais, e por isso não devia deixar pra ver o mar só quando saio de casa de manhã pra universidade ou no veraneio, nas mesmas praias de sempre...
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